quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Funicular dos Guindais - Raul Mesnier Ponsard

I – Identificação da obra
Nome da obra:
Funicular dos Guindais

Autor:
Raul Mesnier Ponsard

Data:
4 de Junho de 1891 (fechou dois anos depois devido a um grave acidente a 5 de Junho de 1893, tendo reaberto mais de um século depois, a 19 de Fevereiro de 2004

Período:
A obra insere-se num contexto histórico-artístico de “governação” por parte dos engenheiros, que, deixando as tradições académicas e os materiais nobres, vão recorrer à sua preparação científico-técnica, utilizando os novos materiais (ferro e vidro) para responder aos crescentes desafios das alterações urbanísticas e dos transportes.

Como período que se seguiu à Revolução Industrial, trouxe consigo novas infra-estruturas, como pontes e viadutos, fábricas, armazéns, pavilhões, estações de caminhos de ferro…

É o triunfo da Arquitectura de Ferro, em que os materiais fabricados industrialmente (ferro e vidro maioritariamente), assim como as novas tecnologias permitiram o recurso à prefabricação e estandardização de peças, cuja leveza e resistência possibilitou a construção de edifícios resistentes com grandes vãos e espaços interiores mais amplos e iluminados por luz natural, que desempenharam diversas funções.

Localização e contexto:
Contexto urbano, encontra-se em Vila Nova de Gaia, no Porto, unindo a Praça da Batalha à Avenida Gustave Eiffel, num percurso com 3 minutos de duração.



Localização e percurso actuais
Localização e percurso originais (pode ver-se o segundo percurso que fica a meio caminho da distância total)

Tipologia:
Edifício civil

Função:
Criado para facilitar a circulação entre a zona ribeirinha e a parte alta da cidade, destinando-se a estabelecer uma ligação entre a zona do Cais dos Guindais, local de chegada por vi fluvial dos produtos alimentares produzidos nas zonas ribeirinhas a montante da cidade do Porto; e a zona da Praça da Batalha, de onde irradiavam caminhos para importantes zonas do Porto. Actualmente, para além de servir de meio de transporte, o Funicular é também utilizado para fins turísticos, pela vista que oferece sobre a zona ribeirinha durante a sua utilização.

II – Estrutura formal
Planta:
Originalmente constituído por dois carros, um que sobe e um que desce e por uma casa de máquinas ao lado. Não haviam os 90 metros de túnel, que existem actualmente. Desta estrutura original, mostrada na imagem só resta a casa das máquinas, hoje sede da Igreja dos Testemunhas de Jeová do Porto.

Sistema Construtivo:
Este sistema de transporte de pessoas e pequenas mercadorias, assente numa via férrea tinha dois componentes:

-um sistema de tramway-cabo entre o cais dos Guindais e a esquina superior do edifício do Governo Civil – linha principal –, ao longo do qual se deslocavam dois carros principais agarrados a um cabo sem-fim;

- um sistema de elevador entre o arruamento sobranceiro ao Cais dos Guindais e o cimo da Escada dos Guindais onde um carro, actuando como contrapeso e ligado alternadamente a cada um dos carros principais por um cabo metálico, servia para diminuir o esforço de tracção na parte do percurso com maior inclinação.

O elevador vencia uma diferença de cota de 74,5m, tendo uma linha principal com um comprimento total de 415,9 m entre a estação inferior e a estação superior, tendo uma linha secundária com o comprimento de 116,1m que ligava o Cais ao alto da Escada dos Guindais, local onde existia uma estação intermédia.

A via férrea deste elevador, com o carril fixo a travessas de carvalho ou em perfis de aço especiais, era integralmente a céu aberto: em via dupla numa plataforma de 7,8m de largura na parte do caminho escavado na pedreira dos Guindais, e o restante percurso em via simples numa plataforma com 4,2m de largura em terrenos municipais e na via pública em frente ao edifício Oudinot.

Os três carros do sistema de transporte eram diferentes. Cada um dos dois carros principais com 5,6m de comprimento e uma lotação de 40 pessoas, tinha três comprimentos de luxo na parte central e, por construção, tinha a possibilidade de alterar a inclinação do soalho relativamente à via, devido à sua estrutura pendular longitudinal passiva. O outro carro, com um peso de três toneladas tinha funções de contrapeso do carro principal, podendo transportar passageiros e percorrendo apenas a via, na linha secundária, entre o Cais dos Guindais e a Casa das Máquinas.

Os cabos metálicos de 27mm de diâmetro, formados por seis cordas de fio de aço enroladas em torno de uma alma de cânhamo, eram accionados por uma máquina a vapor que estava situada na casa das Máquinas.

Na via principal, o cabo sem fim tinha um percurso em calha subterrânea na zona de via pública, na restante parte daquela via assentava em roletes colocados no espaço interior dos carris da via férrea.

A inversão do sentido de deslocamento dos cabos fazia-se através de roldanas, com elevado diâmetro (3,8m), situadas na parte superior do percurso junto da Batalha na linha principal e junto da Casa das Máquinas na linha secundária.

Todo o sistema era operado por um motor a vapor, que accionava o tambor em torno do qual se enrolava o cabo.

Actualmente apresenta características algo diferentes:

Distância:
281 metros (90 em túnel) – (originalmente sem túnel, com um total de 415,9m entre as estações inferior e superior)
Desnível:
61 metros (originalmente de 74,5m)
Inclinação média 20 %
Inclinação máxima 45 % (originalmente era 47%)
Tempo de Viagem:
3 minutos (5mns na versão original)
Velocidade média:
2,5 metros por segundo (não mais que 2 m/s na versão original)
Número de passageiros por cabina:
25 (carros originais transportavam 40)

O sistema também não é já operado por um motor a vapor, mas sim por energia eléctrica e a paragem intermédia foi retirada.

Materiais:
Via-férrea, carril fixo em travessas de carvalho ou perfis de aço especiais, estrutura metálica, na sua cor original, cinzenta, dado que não houve nenhum trabalho decorativo.

Aspecto exterior:
O efeito conseguido no exterior desta construção foi uma visão arrasadora, capaz de por a maior parte de nós a pensar em vertigens, dado o elevado desnível vencido. Apesar disto, é um conjunto agradável, pelo menos actualmente, dado que não existem muitas imagens da construção inicial; dado pelos carros e as vias férreas a descerem aquela encosta por entre um aglomerado de prédios e a muralha fernandina do Porto.

Espaço exterior e interior:
Penso que não se aplique a esta obra.

Influências e carácter próprio:
Não existem elementos específicos a decorar a estrutura. A própria forma da estrutura é que lhe dá o seu ar agradável e naturalmente decorado.

Trabalho de:
Susana Soares

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